Exercício físico: o fator “motivação”

Dizem as estatísticas que quando nos deparamos com uma escada rolante e uma escada convencional, lado a lado, noventa e cinco por cento de nós optamos pela primeira. Será que somos preguiçosos? Imbuídos de uma inércia a toda a prova, que nos compele para o sedentarismo?

A resposta a esta interessante questão foi alvo de estudo pelo antropólogo americano Daniel Lieberman, no seu recente trabalho Exercised: The Science of Physical Activity, Rest and Health.

O autor revela que esta tendência não se prende com aspectos menos nobres do nosso carácter, mas sim com o facto de estarmos programados para a poupança de energia. A abundância e a facilidade com que, nos países normalmente referidos como de primeiro mundo, temos acesso aos alimentos é uma realidade recente.

Durante muito tempo existiu um equilíbrio precário entre a energia obtida pelos alimentos e a energia despendida na sua obtenção. Tal facto conduziu-nos, por uma questão de sobrevivência, a um estado de necessária e permanente poupança dessa mesma energia.

Não faço aqui, de todo, a apologia do sedentarismo, pelo contrário. Atualmente todos sabemos a importância que o exercício físico tem para a saúde e o bem-estar humanos. Contrariar esta nossa inércia natural é absolutamente indispensável para que sejamos saudáveis, enfim atletas.

No entanto, devo chamar a atenção para um fenómeno que se tem vindo a manifestar nas últimas décadas e que se concretiza numa espécie de intimidação vexatória dirigido a quem não faz, ou não gosta de fazer exercício físico. Como professor considero que esta abordagem é não só um abuso e uma forma de violência inaceitáveis, como ainda extremamente contraproducente. A motivação deve ser intrínseca e não extrínseca.

Ninguém se deve sentir mal por não gostar de fazer exercício físico, é um direito que lhe assiste. Cabe a cada um, e a nós professores, encontrar formas de o introduzir nas rotinas diárias, através de práticas significativas, bem orientadas, de uma forma adequada e natural. Assim, o gosto pela prática surgirá de uma forma estável e duradora.

Nuno Ricardo, coordenador técnico no FIT IT Clube

 

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