A manutenção e retorno à prática de exercício físico, durante ou após uma infeção do trato respiratório superior, é um tema importante a ser discutido.
Após autorização médica, testes específicos para avaliar os níveis de aptidão física (nomeadamente as capacidades cardiorrespiratória e neuromuscular) devem ser realizados. Adultos e idosos que já foram infetados por gripe, síndrome respiratório agudo grave (SARS) ou COVID-19 podem exercitar-se moderadamente desde que apresentem sintomas leves do trato respiratório superior. Todavia, não é recomendado o exercício físico para pessoas com sintomas de dor de garganta intensa, dores no corpo, falta de ar, fadiga, tosse ou febre. Em geral, a recuperação de infeções virais respiratórias leva de 2 a 3 semanas. Após esse período e quando os sintomas desaparecerem, é seguro (re)começar o programa de exercício físico regularmente e de forma progressiva. Para crianças e adolescentes em idade escolar, as recomendações apontam para uma retomada faseada.
O retorno à prática de exercício poderá ajudá-los a recuperar da ansiedade que experimentaram enquanto estiveram confinados, deverá ser progressivo, no início com períodos curtos (20 a 30 minutos por sessão); explorar as modalidades lúdicas (danças, jogos, etc.) e evitar a competição.1 As regras a serem adotadas para a prescrição de exercício físico para a população saudável também deverá merecer especial atenção, nomeadamente nas primeiras semanas para uma readaptação gradual e segura.
Verifica-se, ainda, uma carência de publicações ou estudos que enfatizem a quantificação da intensidade para a realização de exercício físico durante a pandemia, assim como recomendações específicas sobre a prescrição para populações de risco. Exige-se cautela quanto ao retorno, manutenção e continuidade pós COVID-19, principalmente devido ao efeito negativo sobre o sistema imunitário e complicações sistémicas (cardíacas, neurológicas, etc.) causadas pelo vírus. Atualmente, existe uma grande quantidade de novos estudos continua produzida ser produzidos sobre esta temática todos os dias. A maioria das evidências científicas analisadas ainda são preliminares e de baixa qualidade metodológica e as recomendações apresentadas estão sujeitas a mudanças conforme surjam novas descobertas. De qualquer forma, cautela e prevenção são as palavras-chave e a prescrição de plano de treino adequada a cada pessoa e circunstância é fundamental.
- Ahmadinejad Z, Alijani N, Mansori S, Ziaee V. Common Sports-Related Infections: A Review on Clinical Pictures, Management and Time to Return to Sports. Asian J Sports Med [Internet]. 2014 Jan 26;5(1):1–9. Available from: http://asjsm.com/en/articles/73542.html
Luiz Santos, Diretor Técnico do FIT IT