A Fundação Portuguesa de Cardiologia (FCP) assinalou Maio como o mês do coração na tentativa de alertar a população para a problemática das doenças cardiovasculares. Tendo em conta que num Portugal pré-covid, morriam cerca de 100 pessoas por dia devido à patologia cardiovascular, atualmente esse número é ainda maior.
A agravar a esta condição instalou-se uma situação de “medo”, medo de ir ao hospital receber tratamento, medo de andar na rua, medo de ir ao ginásio, medo de viver. Ora, com tanto tempo passado em casa em teletrabalho, é compreensível que a atividade física da população geral tenha diminuído (sedentarismo) e a ingestão de “snacks” fora de horas tenha aumentado. Aí está, a perfeita fórmula para o aumento de peso que, em conjunto com a tensão elevada, a hipercolesterolemia e a diabetes, compõem alguns dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares.
Justificado, ou não, este medo ensinou-nos a ter precaução, a usar máscara, a desinfetar as mãos à entrada e saída de qualquer edifício, a desinfetar superfícies, a cumprimentar os colegas com o pé entra tantas outras que é escusado enumerar ou então este artigo teria mais de 10 páginas.
No mês do Coração chamamos a atenção para a inegável gravidade da pandemia Covid-19, e que esta não deve obscurecer outras pandemias, como a das doenças cardiovasculares ou da obesidade, e que está nas nossas mãos o poder de prevenir ou até mesmo reverter os efeitos colaterais destas. A adoção de medidas de estilo de vida saudável e o controlo dos fatores de risco têm um efeito duplo, ao contribuir não só para reduzir as doenças cardiovasculares, como também para ajudar na luta contra a Covid-19. Os doentes idosos com fatores de risco controlados (hipertensão, obesidade e diabetes) têm, não só menor risco de sofrer de complicações da Covid-19, como de morrer de doença cardiovascular.
Pedro Luiten, Coordenador de Aulas de Grupo do FIT IT